Set 29, 2023 | Comentários
Entidades de ensino não bateram martelo para 2024, mas tudo indica que deve ser acima da inflação
Em busca de uma educação de qualidade, segurança e proteção para seus filhos, muitos pais fazem um esforço hercúleo todo ano para custear uma escola particular para a garotada. Em muitos casos, cerca de 50% da renda familiar vai para pagar mensalidades. Embora o poder de compra do brasileiro esteja melhorando a passos lentos, o salário mínimo e a equiparação da renda do trabalhador à inflação ainda estão muito aquém do ideal. Mesmo assim, todo final de segundo semestre, é preciso colocar as contas no papel, pois dentre tantos aumentos, um é certo: o da mensalidade escolar no próximo ano
Na Bahia, as entidades de ensino ainda não bateram o martelo sobre qual será o reajuste em 2024. No entanto, o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe-Ba), Jorge Tadeu disse trabalhar com uma estimativa de uma correção entre 10% a 11% no estado. Se acontecer, será uma correção acima da inflação.
Para o próximo ano, além dos motivos comuns, como manutenção das unidades, custos com trabalhadores, reformas e troca de equipamentos de tecnologia, outro motivo pode colaborar com um aumento fora do normal.
A reforma tributária, caso aprovada com a reivindicação da Frente Parlamentar Pela Educação Particular (FPeduQ) de alíquota única, pode fazer com que as mensalidades subam mais de 20% no país. Até então, conforme levantamento realizado pela empresa de gestão Meira Fernandes, a previsão para 2024 é de que haja um reajuste de 12% a 14% em 97% das escolas particulares.
“Na Bahia, acredito que vai ficar em 11%, mesmo com a reforma tributária, somado a reajuste anual de professor, e sobretudo os itens gerais de manutenção, e custeios da escola que subiram muito. Principalmente no que diz respeito aos equipamentos eletrônicos, que tem uma obsolescência grande. Além disso tem uma reforma tributária que está sinalizando que para uma variação de 9 a 10% da carga tributária”, explica Jorge Tadeu.
Embora não tenha dados concretos no estado, o presidente do Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (Sinpro-BA), Allysson Mustafá, ressalta ser importante dizer que “de maneira alguma estes aumentos estão condicionados a negociação das categorias profissionais como alegam muitas escolas”.
Segundo ele, a folha de pagamento não representa todos os custos de uma escola, e além disso, a categoria na Bahia ainda caminha para uma segunda etapa de reajuste este ano, que sequer tem ganho real. “\Agora em 2023 a reposição de inflação nem teve ganho real. No caso, dos pais, é sempre acima da inflação e em alguns casos muito acima, porque se pensar por exemplo na média de 9% o aumento das mensalidades, é quase o dobro da média de inflação atual”, pontua.
Ainda conforme Mustafá, o reajuste que vem sendo negociado nesta segunda etapa este ano é relativo a 2021. Já em 2022, o reajuste foi relacionado ao ano de 2019.
“Em 2020 e 2021 as escolas não praticaram reajuste para trabalhadores, durante a pandemia. Ficamos com um hiato de dois anos que está sendo finalizado agora”, afirma.
Planilhas das escolas com reajuste são enviados ao Procon, Codecon e até MP
O presidente do Sinepe-Ba, Jorge Tadeu, esclarece que por lei não existe um limite máximo para o reajuste escolar das escolas particulares. Mas, elas devem justificar os aumentos através de planilha de custo, mesmo quando o reajuste ocorrer para melhorias no processo didático-pedagógico.
Fato mesmo é que, se o aumento for acima da inflação, como tudo indica, será um desafio financeiro para muitas famílias, pois o aumento representará um gasto significativo no orçamento. Apesar do valor mais alto, engana-se quem pensa que o reajuste da mensalidade tem necessariamente a ver com reajuste dos trabalhadores dos estabelecimentos de ensino.
O gestor financeiro Paulo Ribeiro afirma que seja qual for o acréscimo, irá afetar milhares de famílias. “Não tivemos grandes aumento salariais. Se a reforma passar como se propõe na integra, muita gente vai tirar seus filhos das escolas particulares. Então, os pais precisam este ano estar atentos às notícias e colocar tudo na ponta do lápis, desde mensalidade, à alimentação, aos horários, transporte e até mesmo o material escolar. Uma pesquisa é fundamental”, disse.
Fonte: Portal Tribuna da Bahia - Hieros Vasconcelos Rêgo