
Qual será o reajuste da mensalidade das escolas? Alta deve superar a inflação
Gastos dos colégios para se adaptar à proibição do celular em sala de aula elevaram custos, mostra pesquisa
Quatro em cada dez colégios particulares de ensino fundamental e médio planejam aumentar a taxa de matrícula e a mensalidade escolar entre 9% e 10% para o ano que vem.
Esse porcentual de reajuste é quase o dobro da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de5,09% esperada para este ano, segundo o último Boletim Focus do Banco Central. Para muitos contratos de prestação de serviço, normalmente, a inflação do ano anterior é um parâmetro para os reajustes do ano seguinte.
As previsões de aumento das mensalidades escolares fazem parte de uma pesquisa da consultoria Meira Fernandes, especializada em gestão e soluções para instituições de ensino.
A partir de junho, foram ouvidas sobre o tema escolas de dez Estados e responsáveis pelo ensino de mais de 74 mil alunos alocados em suas unidades. Quase a totalidade (98,76%) das escolas pretende fazer algum reajuste em 2026, aponta a enquete.
Os porcentuais de reajustes pretendidos pela maioria das escolas para o ano letivo de 2026 variam dentro da média dos últimos anos.
José Antonio Figueiredo Antiório, presidente do Sieeesp, sindicato das escolas particulares do Estado de São Paulo, prevê que o reajuste ficará acima da inflação, mas abaixa da previsão da consultoria.
Embora a entidade não estipule índice de reajuste, pois esta é uma decisão que compete a cada escola individualmente, com base em sua planilha de custos ele avalia que o índice deve ficar ente 7% e 8%.
“A gente se baseia nos índices médios da Fipe e do IBGE para o cálculo da inflação, hoje em 5,35%. Mas ainda precisamos aguardar a inflação de agosto”, afirma.
Segundo ele, há um fator novo a ser considerado este ano: a mudança na política tarifária da gestão Donald Trump. Os Estados Unidos preveem tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir da sexta-feira, 1º.
“Não sabemos o que vai acontecer a partir da nova taxação do governo americano, se vai haver impacto na inflação e nos custos,por isso temos de aguardar”, acrescenta.
O peso do celular
O que chama a atenção é um novo motivo que passou a integrar alista de justificativas: os gastos que as escolas tiveram de fazer desde que foi proibido o uso de celular pelos alunos nos estabelecimentos de ensino. A nova lei federal entrou em vigorem 13 de janeiro de 2025.
Conforme a pesquisa, sete de cada dez escolas fizeram investimentos financeiros importantes por causa da lei que proibiu o uso de celulares pelos alunos.
Entre esses desembolsos, 30% das escolas tiveram de fazer investimentos físicos para se adaptar à lei, como a compra de câmeras, armários e cofres para os alunos guardarem seus aparelhos.
A pesquisa mostra também que fatias significativas das escolas consultadas tiveram de aplicar recursos na contratação de profissionais (14%) para garantir o cumprimento da lei, no treinamento de funcionários (45%), em materiais para informar as novas regras (30%), além de promover eventos (53%), a fim de que todos estejam cientes da nova lei.
“Todas essas ações têm custo e muitos deles envolvem gastos externos com terceiros e a escola está tendo de sustentar isso sozinha com uma mensalidade recebida, que não contava comesse gasto extra durante todo o ano de 2025”, observa Mabely Meira Fernandes, a diretora jurídica da consultoria, em nota.
Fora esse custo imposto pela nova lei do celular, despesas tradicionais também pesaram na hora de projetar reajustes para o ano que vem. Nessa lista está o aumento salarial dos professores e auxiliares da ordem de 6% e, portanto, acima da inflação.
Também constam os atrasos no pagamento das mensalidades. De acordo com a pesquisa, 40% das escolas estão sofrendo neste ano com atrasos superiores a 4%.
E 80% das escolas preveem que esses atrasos resultem em inadimplência, especialmente na virada do ano. Mais de 85% das escolas projetam inadimplência acima de 1%.
Link da notícia: https://www.estadao.com.br/educacao/qual-sera-o-reajuste-da-mensalidade-das-escolas-alta-deve-superar-a-inflacao/
Fonte: Portal Estadão – Márcia De Chiara e José Maria Tomazela